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Poesia moçambicana à deriva
Poesia moçambicana à deriva

 

O facto deve-se à falta de leitura e do domínio da competência linguística no seio da sociedade

A poesia moçambicana está à deriva e o facto deve-se à falta de leitura e do domínio da competência linguística no seio da sociedade moçambicana, que constituem desafios na criação qualitativa de obras poéticas por parte dos escritores nacionais, considera o escritor Calane da Silva. A poesia é tida como meio privilégio para despertar o amor pela língua. A rima, o ritmo e a sonoridade permitem uma descoberta progressiva das potencialidades da linguagem escrita. Essa descoberta é decisiva para a formação do indivíduo. A mesma marca uma linha temporal e o pensamento da época em que foi escrita. Só assim pode-se saber, através de versos e estrofes infindáveis, o que se sentiu numa determinada época, num determinado espaço de tempo... Para Calane da Silva, com a poesia contam-se histórias, o heroismo ou a derrota, e imortaliza-se um acontecimento com a beleza de versos poéticos. Infelizmente, este escritor e académico lamenta o facto de nos últimos dias, apesar de notar-se um avanço significativo no que diz respeito ao desenvolvimento da arte de escrever poesia no país, assiste-se à proliferação de uma poesia sem qualidade. Segundo Calane, “A poesia escrita por jovens desta geração não se compara com a dos tempos de Noémia de Sousa,   José Craveirinha... Aliás, depois dos escritores que acima me referi, ainda é possível beber do bom da poesia escrita por Luís Carlos Patraquim, Eduardo White entre outros. O que se espera depois destes, na medida em que não se regista uma passagem de testemunho no seio dos escritores?”

Se hoje temos Luís Patraquim e Eduardo White a brilharem com as suas obras poéticas, de acordo com Calane da Silva, é porque beberam de outros escritores, gostavam de ler e de aprender, eram dedicados, “mas infelizmente os jovens da actualidade não gostam de ler, não são dedicados, estão sempre a reclamar que o Governo não lhes dá espaço, esquecem que antes de lamentar pelo espaço, deviam procurar lutar para que as suas obras tenham mais qualidade”, disse o director do Centro Cultural Brasil- Moçambique.

E mais, o autor de “Xicandarinha na Lenha do Mundo” acrescenta: “nós precisamos de ter o domínio de competência  linguística. Não posso escrever em macua sem dominar macua. Não posso escrever em bitonga sem sequer dominar o bitonga. A poesia também tem que ver com a questão linguística, ou seja, tenho que ser competente em língua que pretendo escrever, ter perfomance da língua e tudo isso só se consegue lendo e reflectindo sobre a nossa realidade, a partir de uma competência linguística assegurada”, desabafou. De acordo com Calane, um outro motivo que dita a fraca qualidade da poesia moçambicana, ou de toda escrita no geral, está relacionado com as políticas educacionais implementadas pelo Ministério da Educação. “O sistema de educação não obriga os alunos, quer da 10ª ou 12ª classes a terem uma leitura de obras integrais, quer nacionais ou estrangeiras. O que se pode esperar de um aluno que chega à 10ª ou 12ª classes sem saber ler nem escrever? Se nós queremos bons escritores, bons poetas, temos que mudar o nosso sistema de ensino e criar políticas que incetivem mais leitura no seio da juventude”, frisou o escritor Raul Alves Calane da Silva, que se estreiou em poesia com o livro “Dos Meninos da Malanga” (1982).


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